O que é Recessão Gengival?

A recessão gengival é definida como o deslocamento apical da margem gengival que leva à exposição da superfície radicular (figura 01). O fator causal mais importante é a inflamação gengival.

Existem diversos fatores que podem levar à inflamação, dentre eles o principal é o acúmulo do biofilme e o trauma (oclusal ou mecânico como a escovação traumática por exemplo). Além destes fatores, o mau posicionamento dental, inserções musculares próximas à margem gengival e tratamentos odontológicos iatrogênicos podem ser considerados fatores etiológicos secundários para a migração apical da margem gengival em relação à junção cemento-esmalte (JCE)1.

Figura 1: gengiva na posição normal 1; recessão gengival 2

Apesar da migração da gengiva marginal ocorrer no sentido corono-apical, a espessura do tecido conjuntivo exerce grande influência na formação das recessões gengivais, uma vez que o estímulo inflamatório levará à projeção e união das cristas epiteliais formando fendas (figura 02) que progridem até o aparecimento das recessões 2-3.

Figura 02: Projeção e união das cristas epiteliais. (Borghetti Alain 2002)

As recessões gengivais podem causar sensibilidade dentinária, que por sua vez causará grande desconforto durante a escovação. Com isso, é esperado acúmulo de biofilme e posterior inflamação daquela região com perda progressiva de inserção. Além destas alterações funcionais, as recessões representam um grande problema estético devido ao aumento da coroa clínica (figura 03), que pode causar desarmonia no contorno gengival 4.

Figura 03: Recessão gengival dentes 13 e 23.

Diversas técnicas cirúrgicas foram propostas para o recobrimento radicular, com diferentes desenhos de incisão, com ou sem incisões verticais relaxantes e com a utilização ou não do enxerto de tecido conjuntivo. O retalho posicionado coronal associado a enxerto de tecido conjuntivo subepitelial parece aumentar a espessura de tecido gengival e altura de tecido queratinizado quando comparado à utilização do retalho posicionado coronal sem a utilização do enxerto.

Uma das formas de se obter a previsibilidade do recobrimento das recessões é dada pela classificação de Miller. As lesões são classificadas em I, II ,III e IV sendo que apenas a I e II são previsíveis de recobrimento total.

As recessões gengivais devem ser tratadas a fim de resolver comprometimentos estéticos, hipersensibilidade dentinária, melhores resultados nos tratamentos restauradores prevenção de cárie radicular e progressão da doença periodontal em áreas que o controle do biofilme esteja deficiente.

REFERÊNCIAS

Wennström JL. Mucogengival therapy. Ann Periodontol 1996;1:671- 701.

BakerDL,SeymourGJ.Thepossiblepathogenesisofgingivalrecession: a histological study of induced recession in the rat. J Clin Periodontol 1976; 3:208-19.

da Silva RC, Joly JC, de Lima AF, Tatakis D N. Root coverage using the coronally positioned flap with or without a subepithelial connective tissue graft. J Periodontol 2004; 75(3):413-9.

Zucchelli G, De Sanctis M. Treatment of multiple recession-type defects in patients with esthetic demands. J Periodontol 2000;71(9):1506-14.

Zucchelli G, De Sanctis M. Long-term outcome following treatment of multiple Miller class I and II recession defects in esthetic areas of the mouth. J Periodontol 2005;76(12):2286-92.

Miller Jr. PD. A classification of marginal tissue recession. Int J Periodontics Restorative Dent 1985;5(2):8-13.

Harris RJ. A short-term and long-term comparison of root coverage with an acellular dermal matrix and a subepithelial graft. J Periodontol 2004;75:734-43.

Venturim RTZ, Joly JC, Venturim LR. Técnicas cirúrgicas de enxerto de tecido conjuntivo para o tratamento da recessão gengival. RGO 2011;59:147-52.

Joly JC, Carvalho PF, da Silva RC. Perio-Implantodontia estética. São Paulo: quintessence editora; 2015.

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